terça-feira, novembro 27, 2007

Tradição do Dia Académico regressa em força a Lamego

Antigos alunos do liceu promovem sessão solene de homenagem aos seus professores no
1º de Dezembro

A comemoração do Dia Académico dos antigos alunos do Liceu de Lamego, a decorrer no próximo dia 1º de Dezembro no anfiteatro da Escola Secundária Latino Coelho e a prolongar-se com um almoço nas remodeladas instalações das Caves da Raposeira, iniciar-se-á com uma sessão solene de homenagem aos seus professores e o subsequente descerramento de uma lápide evocativa no átrio principal daquela escola. Para assinalar a vertente cultural que estes encontros anuais vão adoptar no futuro, será apresentado um livro da autoria de um antigo aluno daquele liceu pelo general Lemos Pires, que também frequentou aquele estabelecimento escolar na década de quarenta.
“Esta cerimónia marca o arranque de uma nova fase na organização destes encontros anuais em Lamego para celebrar o Dia Académico, e onde pela primeira vez surge a vertente cultural, que pretendemos valorizar no futuro”, afirmou ao Notícias do Douro José Pinheiro Mota, o responsável do informal núcleo de antigos alunos do Liceu de Lamego, sedeado na cidade do Porto, ao mesmo tempo que realçava “a importância simbólica” de se iniciar o novo figurino destes encontros anuais com uma homenagem aos antigos professores, alguns deles a marcarem o evento com a sua presença, incluindo o seu decano, Énio Ramalho, actualmente com 92 anos, e que foi professor de Inglês e de Alemão no Liceu de Lamego nas décadas de 40 e 50 do século passado.
Também o lançamento de um livro da autoria de um antigo aluno mereceu a referência de Pinheiro Mora, o organizador destes encontros: “Trata-se de uma crónica romanceada sobre dois acontecimentos que ficaram célebres na cidade de Lamego no início da década de 60 do século passado – o assalto à capoeira do reitor do liceu, de onde foi roubado um peru, e que teve desenvolvimentos posteriores caricatos e burlescos, assim como a referência aos assaltos nocturnos ao liceu por um grupo de alunos, a fim de roubarem os enunciados dos testes escritos”.
Outra novidade que irá surpreender a cidade, pelo seu carácter inédito, é o desfile informal dos antigos alunos desde a Escola Secundária Latino Coelho até à avenida Alfredo Sousa, passando pela praça do Comércio, rua de Almacave, rua Cândido dos Reis e avenida cinco de Outubro, acompanhados pela banda musical de Gouviães.
De autocarro, os participantes nesta jornada académica seguirão depois para as instalações das Caves da Raposeira, onde será servido um almoço, oferta do professor Orlando Costa Lourenço, também ele um antigo aluno, e que assim reedita os eventos gastronómicos dos encontros de confraternização realizados nos três anos anteriores e que tiveram por cenário as Caves da Murganheira.
Uma sessão de fados, organizada pelo médico José António Carrapatoso, encerrará a celebração do Dia Académico.
Tudo nasceu no Porto
Foi na cidade do Porto que um pequeno grupo de antigos alunos do Liceu de Lamego resolveu promover mensalmente um almoço de confraternização. Com a colaboração do antigo aluno, Horácio Malheiro, coronel de Infantaria, que diligenciou a cedência das instalações de uma antiga messe do Exército para a realização dos encontros, e do professor Orlando Lourenço, que tem prestado o respectivo apoio logístico. Pinheiro Mota ficou com o encargo de promover a realização do então incipiente projecto que, mês após mês foi ganhando novas e significativas adesões. “Nos primeiros almoços apenas apareceu uma dezena de antigos alunos, mas, com o intercâmbio entre todos nós, fomos conseguindo desencantar, através de diversos meios, outros colegas a residir e a trabalhar nas mais diversas localidades do país”, afirmou Pinheiro Mota, que não esconde o seu orgulho de ver progressivamente aumentado o número de adesões, “de uma forma gradual e sustentada”, a tal ponto que, no último encontro, realizado este mês, o número de antigos alunos que marcaram a sua presença atingiu a cifra record de mais de seis dezenas.
“É indescritível a emoção que rodeia a chegada de mais um novo antigo aluno e o curioso movimento dos mútuos reconhecimentos fisionómicos, através da imagem guardada desde a juventude e que perdurou durante algumas dezenas de anos”, acrescentou Pinheiro Mota.
Para este dirigente do núcleo organizador, “os almoços do Porto constituíram a matriz de todo este impressionante movimento de recuperação da memória dos tempos vividos no liceu e que já atravessam várias gerações”. Tendo-se iniciado com antigos alunos que frequentaram aquele liceu na década de cinquenta, o grupo começou, posteriormente, a aglutinar os antigos alunos da década seguinte e da década anterior.
Enraizar o evento na cidade
Se os anteriores encontros, realizados nas Caves da Murganheira, não tiveram repercussão na cidade de Lamego, o mesmo não irá acontecer a partir do encontro anual deste ano. “Queremos enraizar este encontro de antigos alunos no espírito da cidade, para que cada lamecense o assuma com um orgulhoso sentimento de pertença”, afirmou Pinheiro Mota, que assim deu o mote para justificar a convocação da imprensa para cobrir os eventos deste Dia Académico. E Pinheiro Mota conta o sentimento de tristeza e frustração que o invadiu quando, no ano passado, um jornal regional publicou um artigo, lamentando o facto de o Dia Académico do 1º de Dezembro ter sido votado ao esquecimento na cidade de Lamego, quer pelos antigos alunos, quer pelos actuais. “É evidente que este e os outros jornais não podiam noticiar aquilo que desconheciam, pois não foram informados para o efeito”, acrescentou Pinheiro Mota.
E este desiderato, o de estabelecer uma ligação afectiva dos antigos alunos com os lamecenses poderá ser alcançado, segundo este dirigente, alargando à população da cidade a possibilidade de vir a usufruir das manifestações culturais que esta geração de antigos alunos se propõe realizar nos próximos anos, e que passam por uma ou mais exposições de pintura e de outras artes plásticas, por uma exposição de fotografias sobre a vida académica dos anos anteriores, recuperadas do espólio particular de cada antigo aluno, e, também, pela publicação de outros livros, de ficção, de poesia ou de memórias. “As duas únicas condições a presidir à selecção das diversas manifestações culturais obedecerão apenas aos critérios da qualidade das obras a apresentar e, obrigatoriamente, à existência do vínculo dos respectivos autores ao estatuto de antigos alunos do Liceu de Lamego”, concluiu Pinheiro Mota.

Por Alexandre Lopes de Castro, Jornalista

Noticia gentilmente cedida pelo Semanário "Noticias do Douro"

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